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O branco, o mar e a conexão com a natureza

Lícia Gomes

Lembro-me que, para organizar as gravações de cenas que seriam projetadas no espetáculo O Marinheiro, tivemos muitos preparativos. Naquele momento, estaríamos de branco: o branco fazia sentido para as cenas das memórias das personagens da peça que estávamos encenando. Tempos mais tarde, no processo de criação, os brancos da cena foram se tornando resquícios e o peso do preto determinou os figurinos, simbolizando o luto. O branco, o mar, as árvores e lagos ficaram retidos nas lembranças, parte essencial da vida das três veladoras. 

 

E lá fomos nós, cinco mulheres, três vestidos brancos e os equipamentos que precisávamos (além das três atrizes, a diretora Nanci de Freitas e a fotógrafa Sara Paulo, responsável pelas filmagens). Fomos buscar as formas, dar visualidade às memórias das veladoras. Precisávamos de mar, montes, árvores e lagos. Buscamos na cidade do Rio de Janeiro lugares para resgatar espaços tão bucólicos. Juntas, gravamos no Parque Lage e na Praia do Arpoador, próximo às pedras. No parque, sentei-me na terra, corri descalça e, na praia, achamos um canto que não tinha muito movimento para molharmos os pés. A sensação era de muita conexão com a natureza. Aquele momento também nos conectou mais, deixando-nos mais uníssonas, o que percebemos quando voltamos para a sala de ensaio.

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